quinta-feira, 29 de março de 2012

Gandaiá no Projeto Ademar Guerra





É com imensa alegria que venho anunciar o que todo mundo já sabe: estamos no Projeto Ademar Guerra 2012! Mas antes de falar de toda a emocionante trajetória do Gandaiá no processo de seleção, vou tirar as duvidas que tenho certeza que você, caro leitor, está na cabeça. Quem (ou o que) é Ademar Guerra? É um diretor paulista que trabalhou no teatro, dança e televisão e que plantou a semente do atual Projeto ao ser orientador de um grupo de Santo André em 1964, por um projeto da Secretaria de Cultura do Estado. O que é esse tal Projeto Ademar Guerra? Pra responder apelo ao que já está pronto e bem explicado: "O Projeto Ademar Guerra foi criado em 1997 pela Secretaria de Estado da Cultura com o objetivo de propiciar orientação artística a grupos teatrais em atividade no interior e litoral do Estado de São Paulo. Essa ação se dá por meio da contratação de artistas-orientadores para atuarem junto aos grupos selecionados, acompanhando seus projetos de pesquisa e/ou montagem de espetáculos". Esse ano o projeto tem coordenação de Aldo Valentim e curadoria artística de Sérgio Ferrara (não precisa nem falar nada desses caras né? fantásticos!). Sanadas as dúvidas, vamos a nossa história.

O nosso amigo Fabio Pimenta nos avisou do projeto e resolvemos marcar uma reunião para discutir e entrar em consenso se nos inscreveríamos. Por estarmos em processo de planejamento para o ano, deixamos a decisão para os momentos finais. Faltando poucos dias para o fim do prazo resolvemos correr atrás de tudo, na pressa e no desespero, como é gostoso de fazer. Conseguimos deixar tudo pronto e enviamos a documentação no ultimo dia de inscrição! Alivio né? Que nada, no dia seguinte descobrimos que a data limite para a inscrição tinha sido adiada por mais uma semana. Pelo menos já estava resolvido e era só esperar o resultado da primeira etapa.

Nos reunimos na cozinha do Marcus para assinar os papéis, que emoção.

Quando saiu o resultado da 1ª fase e vimos nosso lindo nome lá foi uma comoção geral. Pessoas choravam em um misto de alegria e desespero, alguns jogavam seus bichos de pelúcia pro alto em reverência a fofura suprema, outros arrancavam as roupas e saiam nus embebidos em vinho. Passada a empolgação inicial, fomos lúcidos, porém ainda lúdicos, para o encontro do dia 03 de março na oficina cultural Oswald de Andrade (lê-se Oswald sem sotaque estrangeiro, por favor). O encontro foi muito gostoso, conhecemos muitas pessoas bonitas, vários grupos de várias cidades com várias e várias ideias sensacionais. Depois de ver algumas palestras sobre gestão e apresentar nosso projeto, voltamos pra casa felizes, esperançosos e muito motivados.

Todos reunidos no encontro do dia 3 de março.

O resultado da 2ª etapa saiu e, para nossa alegria, o Grupo de Clowns e Palhaços Gandaiá de Indaiatuba estava lá! E lá fomos nós de novo rumo a capital, cidade cinza de movimentação subterrânea, para o Encontro Preparatório dos dias 24 e 25 de março. Pra falar com detalhes desses dois dias eu teria que escrever um conto. Como não é o caso, só digo que foram dois dias maravilhosos, em contato com pessoas muito bacanas aonde muita informação interessante foi trocada. Tivemos oficina de voz com Edi Montecchi e de corpo com Mariana Muniz e uma palestra com o cientista politico Humberto Dantas. Mas a emoção mesmo ficou por conto de saber quem seria o nosso orientador. Em meio ao rufo de tambores imaginários veio o anuncio tão aguardado: Alexandre Dal Farra será orientador do Grupo Gandaiá de Indaiatuba. 

Puxa, sem palavras, alegria imensa conhecer e sermos orientados pelo Alexandre (o cara de óculos da foto lá de cima, junto comigo e o Bruno em conversa lá na Oswald). A conversa foi muito boa e produtiva, logo já estávamos nos entendendo e pudemos ter boas ideias e fazer um planejamento para o ano de trabalho. Estamos muito empolgados pela seleção no Projeto Ademar Guerra, com certeza será um ano de muita evolução artística e organizacional do grupo e de seus integrantes, que resultará na montagem de um espetáculo grotesco, poético e popular. Aguardamo o Alexandre aqui no dia 16 de abril com muita bexiga, vinho, cajuzinho e croquete (de soja). Evoé!

terça-feira, 27 de março de 2012

Tamo junto, Piolin!


Hoje, 27 de março, é comemorado o Dia Internacional do Teatro, devido a data da inauguração do Teatro das Nações, em Paris. Mas, por uma coincidência incrível, esse dia também é comemorado o Dia do Circo, e por um motivo muitíssimo especial. Foi nesse dia, em 1897, que nasceu Abelardo Pinto, o mestre dos mestres, o Palhaço Piolin. Tá, pra falar a verdade, nunca pude vê-lo em ação, já que Piolin morreu em 4 de setembro de 1973 (de insuficiência cardíaca, engasgado com uma bala!!! isso sim é uma morte digna de um palhaço!) e só fui nascer em 1989. Mas isso me impede de acreditar no que dizem e reconhecer a importância de Piolin na história do palhaço e do circo brasileiro. Não vou ficar aqui repetindo a incrível história deste palhaço, tem algumas fontes legais pra isso (aqui e aqui), mas precisava deixar registrado aqui que o Gandaiá inspira as mesmas partículas expiradas por esse grande mestre, e que mesmo que os palhaços morram todos engasgados com balas adocicadas, sempre haverão outros palhaços para seguir esta nobre função. Esperamos poder representar um pouquinho desta incrível arte, seguindo os passos desses mestres. Por isso que digo: tamo junto, Piolin! É essa minha magrela homenagem. Enquanto houverem palhaços, viveremos. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Vivência Gandaiá em Abril!

Chegou a hora tão esperada! Neste próximo mês de abril estaremos realizando a nossa famosa Vivência. Mas afinal, o que é essa tal de vivência? Vivência é uma palavra pouco usada e que tem alguns significados interessantes. Escolhemos essa palavra para nomear o que faremos pelos seguinte significados: 1: Fato de viver, de ter vida; existência; 2: Experiência de vida; 3: Processo psicológico consciente no qual o indivíduo adota uma posição valorizante, sintética, que não é apenas passiva e emocional, pois inclui também uma participação intelectual ativa. Notem que estes 3 significados se encaixam na proposta que queremos com a Vivência Gandaiá. A intenção é passar para as pessoas um pouco do que vivemos como grupo e como palhaços neste 3 anos de caminhada do Gandaiá, considerando que tais coisas são a razão de nossa existência, de termos vida, sem esquecer do papel ativo de quem vem 'de fora' participar, que deve se empenhar para absorver tudo de maneira consciente com participação ativa. Se você se interessa por palhaço, clown, teatro e trabalho social venha experimentar com a gente! A Vivência Gandaiá é totalmente gratuita, tendo apenas uma taxa de inscrição de R$25,00 (para arcar com alguns materiais que serão utilizados). Inscrições e informações pelo email contato@grupogandaia.org.br

terça-feira, 20 de março de 2012

Entrevista com Ésio Magalhães


No dia 09 de setembro de 2010 (faz tempinho já), Ésio Magalhães, multi-artista co-fundador do Barracão Teatro, participou de um bate-papo online no Portal da SP Escola de Teatro. É claro que o assunto seria o palhaço, já que Zabobrim (o palhaço do Ésio, se assim poderíamos dizer) é referência no ramo. O tema era, especificamente, "A Linguagem do Palhaço: Palhaço Comunica– ação", pois para ele "é assim que o palhaço comunica: pelas ações que realiza". Selecionamos aqui os trechos mais importantes em que se fala um pouco do que é o palhaço hoje, das suas possíveis atuações no mundo (inclusive no hospital) e dos grandes mestres palhaços. O papo na íntegra você pode ver aqui.

Ésio, como você o espaço para clowns tipo Chaplin no Brasil? É que eu busco um palhaço que se aproxima demais a ele, Carlitos. Mas não quero imitá-lo (até porque é impossível).
  O Chaplin viveu o Carlitos, o seu palhaço. Não entendo que ele tenha esgotado o palhaço, mas sem dúvida quando Chaplin morre, o Carlitos também se vai. Sobre ter espaço para este tipo de palhaço no Brasil, eu acho que existe sim o espaço para o palhaço. Sempre! O que deve ser encontrado é o público ao qual ele se destina.
  Acho que o palhaço só imita o outro para começar sua trajetória, mas quando se faz de fato, não consegue mais seguir imitando. É como aprender a andar... Vamos pela imitação dando os primeiros passos e depois caminhamos como e por onde queremos, entende?

Como é, ou como deve ser o trabalho de ator para o palhaço “doutor da alegria”, já que o mesmo estará lidando com uma platéia intimista portadora de necessidades físicas visíveis?
  Bem, antes de mais anda deixe-me esclarecer que Doutores da Alegria é o nome de um grupo de artistas, uma organização que leva o trabalho do palhaço para o hospital. Não é que o trabalho de palhaço em hospital se chame “Doutores da Alegria”. Eu mesmo orientei outros grupos que fazem esta atividade em outros lugares e com outros nomes. Enfim, sobre o trabalho do palhaço no hospital, a sua formação deve ser de artista e ele deve redimensionar o seu trabalho para o hospital. Conheço palhaços que trabalham muito bem na rua e que nãos e dão bem com o hospital, mas não porque lhes falte técnica, e sim porque não conseguem dentro do hospital se sentir bem pra trabalhar. Então, o que eu penso que seja fundamental é que o palhaço que se interesse em trabalhar no hospital esteja ciente que vai encontrar pessoas em tratamento. Pessoas que estão sob cuidados e que tem limites, mas tem muitas possibilidades que podem e devem ser exploradas.

Caro Ésio, estava a ler um artigo publicado na revista Anjos do Picadeiro 7 da Adriana Schneider Alcure onde ela problematiza um crer que o “palhaço é o possível guru do século XXI”, acho uma provocação bem pertinente para discutirmos os rumos que vem tomando a palhaçaria contemporânea. Poderia comentar um pouco sobre a palhaçaria atuante?
  Respeito muito e gosto mesmo da Adriana. E também da sua produção, mas não consigo concordar com a idéia do palhaço ser um guru. Porque pra mim o palhaço é um perdedor que segue tentando. É um apaixonado pela vida!Ele quer continuar tentando sempre, não se deixa fracassar. Embora o mundo todo diga a ele que é um derrotado, ele não veste esta camisa e segue tentando. Então, se você me diz que esta visão pode ser usada como uma saída para o nosso mundo, eu concordo! Mas esta é uma leitura do público e não do próprio palhaço. O palhaço não é um líder, como foi Che ou Ghandi. Ele é o vagabundo, o perdedor que nos mostra que nós, humanos, somo imperfeitos. Se somos a imagem e semelhança de Deus, então a imperfeição está nele também. Pra mim o palhaço não é guru, ele é quem tenta e não consegue, mas continua tentando. Não creio que palhaços em hospitais sejam salvadores! Nem os médicos o são. Por que o palhaço seria? Esta visão é da sociedade que diz “que lindo trabalho! Eu nuca faria...”. Mas não é o palhaço um salvador. Ele pode até salvar, mas sem querer, sem esta intenção!

Ésio, como você vê a relação do palhaço com o improviso.
  A relação é muito grande, no meu ponto de vista, pois o palhaço é uma máscara que joga o tempo todo no presente. Então, ele, assim como nós estamos improvisando o tempo todo os nossos encontros. Como este, agora, no chat. Não é que eu tenha lido o script antes e tenha decorado as respostas. Estou reagindo, respondendo às perguntas. O palhaço é a mesma coisa! Ele chega, percebe como o público está e joga com ele. É muito importante que o palhaço, mesmo que não trabalhe diretamente com a improvisação, em suas rotinas, tenha abertura para improvisar, pois é isso que o faz vivo no tempo restante. Mas no caso do palhaço a improvisação não é um fim, mas um meio, um recurso.

Ésio, qual a potência do humor clownesco no diálogo com as questões da sociedade? O que ele tem de peculiar?
  A potência é muito grande! Acho que o riso “é o mais inocente dos assassinos”, como diria um filósofo que não lembro mais o nome. O riso pode criticar nossa maneira de viver, nossos costumes, nossas idéias e crenças. Acho que o riso abre um espaço muito grande para falarmos de questões sérias. Até porque o palhaço quando apanha e causa riso na platéia não está se divertindo! Ele está apanhando! Isto não é bom pra ele, mas é através disso que vemos nossa própria violência. Acho que esta é a peculiaridade do trabalho do palhaço, e aí falo do riso, para tocar questões importantes de nossa existência. Sem o peso da culpa, mas com a idéia de refletir.Como um espelho!

Gostaria de saber se achas que o palhaço é também um modo de vida. O que mudou quando você decidiu ser palhaço?
  Eu acho que palhaço é sim um modo de vida. Eu ganho a minha assim, trabalhando como palhaço. Não simpatizo muito com a idéia de que palhaço seja uma filosofia de vida, pois o palhaço tem muitos problemas! Eu por exemplo, quando comecei a perder os meus cabelos sofri muito. Queria ser um galã! Já não tinha crescido muito e ainda seria careca? Que sorte, hein? Pra mim, viver o palhaço, assistir a bons palhaços me mostra me faz querer viver num mundo mais compreensivo, mais tolerante, mas não acho mesmo que o palhaço seria uma filosofia de vida, um caminho a seguir, uma luz no fim do túnel! Não acho que palhaço seja religião. Até porque tem igreja que ganha muito mais do que os palhaços!

Existem regras para ser um bom palhaço?
  A única regra básica que sigo desde a minha iniciação é que palhaço não tem regra! Não tem regra mesmo! Você vai ver palhaço de nariz, sem nariz, de sapatão, de sapatinho, um mais eloqüente, outro mais quietinho, um espalhafatoso, outro introspectivo. O palhaço tem que ser bom! Encantar a platéia! Quando isto acontece é ele quem dita as regras. Pelo menos na interação na qual ele está trabalhando.

Quais suas maiores inspirações e referências “palhacísticas” e “clownescas”?
  Minhas referências primeiras são meus domingos a noite na minha infância, quando assistíamos aos trapalhões. Outra referência boa é Jerry Lewis, nas “sessão da tarde”. Tudo isto é minha infância. Depois que comecei a trabalhar procurei outras como Chaplin, Gordo e Magro, palhaços de circo, sempre foram minhas referências maiores. Depois conheci outros grandes palhaços que me deram grandes contribuições! Gosto muito do jogo de corpo do Buster Keaton, por exemplo!

O que você acha dessa nova onda do “humor de cara limpa”, o famoso Stand up?    
  Pra mim tem os bons e os péssimos. Não sou muito simpático ao humor que acentua os preconceitos e não gosto do humor que ridiculariza o outro. Pra mim palhaço é na primeira pessoa. Eu-palhaço.  Eu ridículo. O Stand up em alguns casos é bom, com bons humoristas e piadas. Gostava de Juca Chaves e Ari Toledo. Bem, voltando ao Stand up, tem uns que são bons e outros que só reforçam a banalidade e a futilidade!

Tem muita gente que ainda acredita que o palhaço é um personagem, mas eu não acredito nisso. Costumo dizer que o palhaço é você sem a máscara que a sociedade te impõe. Seria ele um escape da vida real, ou ele seria a vida real?
  Eu acho que o palhaço é palhaço, ridículo, pois está inserido na vida real. Mesmo que em fantasia. A vida real é o seu meio. Então não consigo vê-lo como válvula de escape, pois da vida ninguém escapa – a não ser quando morre! O palhaço sofre as conseqüências da vida real e isto o faz ridículo. Costumo dizer que se todos fossem palhaços, o ridículo seria o único a não ser, entende? Se todos são palhaços, não temos o parâmetro para o riso. O riso precisa ser sério para se fazer. É preciso o centro para se ter o excêntrico.

Não vejo o palhaço como uma solução dos problemas, salvador dos fracos e dos oprimidos, mas sim como algo que acrescenta, encoraja, nos coloca em contato com as próprias fragilidades e é justamente isso, o contato, a aceitação, que faz com que busquemos as soluções.
  Eu também vejo desta forma. Ver nossa fragilidade é muito importante, pois ela faz parte de nós! O palhaço é esta figura que nos mostra quão frágeis somos e é bom ver ali, na nossa frente, pois assim, de certa forma, entendemos que somos imperfeitos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Poema de Palhaço

Eu quero explicar a vocês
O que é ser um palhaço
O que é ser o que eu sou
E fazer isso o que eu faço

Ser palhaço é saber distribuir
Alegria e bom humor
E com esforço contentar
O público espectador

Muita gente diz “Palhaço”
Quando quer xingar alguém
E esse nome pronunciam
Com escárnio e desdém

E ao ouvir esta palavra
Outros sentem até pavor
Como se palhaço fosse
Criatura inferior

Mas de uma coisa fiquem certos
Para ser um bom palhaço
É preciso alma forte
E também nervos de aço

E além de tudo é preciso
ter um grande coração
para sentir isso o que eu sinto
grande amor à profissão

O Palhaço também tem
Suas noites de vigília
Pois lá na sua barraca
Ele tem a sua família

Palhaço, meus amigos,
Não é nenhum repelente
Palhaço não é bicho
Palhaço também é gente

Falo isso em meu nome
E em nome de outros palhaços
Que muitas vezes trabalham
Com a alma em pedaços

Ser palhaço
É saber disfarçar a própria dor
É saber sempre esconder
Que também é sofredor

Porque se o palhaço está sofrendo
Ninguém deve perceber
Pois o Palhaço nem tem
O direito de sofrer

Roger Avanzi (Palhaço Picolino) 


sábado, 17 de março de 2012

Tem mais A(R)MANDO O CIRCO!

O A(R)MANDO O CIRCO continua no Sesc Campinas. Amanhã, dia 18/03 tem a peça "Uah-Tchá – Fragmentos Palhacísticos em 3 Atos", com a Cia Burucutu, no dia 24/03 o espetáculo infantil "Cadê meu nariz?", com a Cia o Que de Que e no dia 27/03 a apresentação "Cabarena", um mistão de cenas de vários grupos de palhaços. Pra não esquecer:

Uah-Tchá – Fragmentos Palhacísticos em 3 Atos
"Um duelo entre Zé da Rabeca, o mais famoso e formoso tocador de rabeca e Cochico Zabumba o mais magrelo e desajeitado tocador de zabumba. Chicovsky, um pianista muito grande, entretem a plateia ao tocar em seu piano, muito pequeno. A luta do homem para conseguir o fogo desde os primórdios da humanidade até o churrasquinho de domingo. Com a Cia Burucutu."
Dia 18/03, domingo, às 11h30 - Grátis

Cadê meu nariz? 
"Após anos de trabalho, um palhaço é demitido do circo e se vê obrigado a dormir em um banco de praça. Na manhã seguinte, ele percebe a falta de seu nariz vermelho. Com a ajuda de uma menina, o palhaço persegue o ladrão e encontra pelo caminho personagens como um malabarista, um policial e uma vendedora de pães, todos representados por bonecos manipulados. Com a Cia O Que de Que."
Dia 24/03, sábado, as 16h - R$4 inteira / R$2 meia 

Cabarena 
"O Espaço Arena do SESC se transforma num mix de cabaré e picadeiro para receber nossos "piolins" contemporâneos e toda sorte de confusão que estes personagens trazem consigo. Com Teófanes Silveira (Biribinha), Bruno Edson, Esio Magalhães (Zabobrim), Márcio Parma (Tachinha) e Thiago Sales (Jerônimo). Criação e produção Barracão Teatro, Bruno Edson, Cia Teatral Turma do Biribinha e Circo Caramba."
Dia 27/03, terça, às 20h - Grátis

Todos os espetáculos acontecem no Sesc Campinas (no Teatro ou no Espaço Arena) que fica na Rua Dom José I, 270/333, ao lado da rodoviária. Mais informações... mais? o que mais você precisa?

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Pelo Cano" no SESC Campinas.


Como parte da programação do A(R)MANDO O CIRCO, evento realizado pelo SESC Campinas em comemoração ao dia do Circo (que no Brasil é comemorado no dia 27 de março em homenagem à data de nascimento do palhaço Piolim), acontece amanhã, dia 16/03 às 20h, a apresentação da peça "Pelo Cano", com as palhaças Emily e Manela, do Jogando no Quintal. A peça tem concepção, criação e atuação das mesmas: Vera Abbud e Paola Musatti. Mais detalhes sobre a peça no site do Jogando. Confira a sinopse (retirado do Portal SESCSP):
"As alterações da amizade, a inaptidão com o dinheiro, as trapalhadas da inveja e os eternos sonhos de amor são alguns dos temas que permeiam a existência das palhaças Emily e Manela. Diversos objetos traçam o caminho deste espetáculo. Dois canos, um sifão de pia, um tubo cirúrgico, alguns rolos de fita crepe e uma nota de cem reais escapam de sua função cotidiana e utilitária e acabam por interferir na relação entre as palhaças, levando a realidades inesperadas."

Então não esquece:
Dia 16/03, sexta, 20h, no Teatro Sesc Campinas (Rua Dom José I, 270/333).

terça-feira, 13 de março de 2012

Entrevista com Gardi Hutter


Devido a quantidade de prêmios que ganhou com seus espetáculos em todo o mundo (já foram quase três mil apresentações em quatro continentes), a suiça Gardi Hutter é considerada a melhor palhaça do mundo. Quando veio ao Brasil, em 2009, apresentar o espetáculo Souffleuse, que pode ser traduzido como "O ponto", ela concedeu uma entrevista à Deutsche Welle. Na entrevista Hutter fala sobre sua história no teatro, em como é ser palhaça em um mundo dominado por homens (inclusive ela conclama as mulheres para serem palhaças!) e também, é claro, sobre seu trabalho e a peça. 

Por que você se tornou palhaça?
  Eu frequentei uma escola clássica de artes cênicas em Zurique e, desde o princípio, notei que tinha um talento para o cômico e também que, em toda a literatura teatral, seja ela clássica ou moderna, simplesmente não existiam papéis cômicos para mulheres jovens.
  E o palhaço sempre me fascinou. Ele é a liberdade em pessoa. A ele, tudo é permitido. Ele pode ser mau, pode ser antipático. Ele é motivo de risos, de aplausos e, por isso, ele é querido.

Você tem vantagens por ser uma palhaça mulher?
  A desvantagem foi que eu não tinha exemplo nenhum a seguir. Não havia referências. Claro que Charlie Chaplin e Buster Keaton são exemplos. Mas era como se a forma feminina da comédia não existisse. Eu não sabia se o motivo era biológico ou sociológico. Essa situação me revoltava e, por outro lado, me dava a energia necessária para aguentar alguns anos até que a peça estivesse pronta.
  Quando ela ficou pronta, eu só tive vantagens como mulher, porque é raro, porque é novo, porque em festivais de comédia há 18 homens e talvez duas mulheres. A imprensa reagiu com grande interesse. Passei então a ter vantagens por ser raridade.

Na sua peça Joana d'ArPpo, você faz o papel de uma lavadeira que luta contra inimigos fictícios em sua lavanderia. Até que ponto essa é uma peça feminista?
  Diz-se que o palhaço não tem sexo. E não tem mesmo, mas até agora ele era só masculino. O palhaço funciona através do exagero. Ele é tão trágico que se torna cômico. Para mim, era importante que também se pudesse rir de uma mulher.
  Eu sou uma mulher autônoma, com uma empresa, mas minhas peças não são ideológicas. Acho que o palhaço rejeita qualquer tipo de ideologia. Quando eu conto uma história, é a lógica da história que me impulsiona, não a minha ideologia.
  Pode-se pensar que Joana d'ArPpo é uma peça feminista, mas em todas as histórias de palhaço, existem perdedores, pessoas em má situação, que estão à margem da sociedade, que passam fome, que são pobres. Charlie Chaplin, por exemplo, não faz o papel de um homem rico, feliz, mimado, mas de um mendigo. Mas, no caso dos homens, a ideologia não é questionada. No caso das mulheres, sim.

Existem diferentes tipos de palhaço. Charlie Chaplin é um deles. Como é o seu?
  Acho que esta diferença está na história que conto. Não por ser ideológica, mas por ser uma mulher, conto histórias do mundo feminino que até agora não foram apresentadas no palco. Onde já se viu uma lavadeira, uma secretária, uma Souffleuse e uma costureira, que será a próxima, em peças de palhaço?
  As histórias escritas até hoje são em sua maioria histórias masculinas, o material das histórias femininas ainda não foi revelado. E isso tampouco é ideológico. Ao se introduzir uma ideologia, o palhaço some. Como artista, procuro naturalmente um material que ainda não foi utilizado.

Você utiliza pouca linguagem e também pouca mímica, mas conta uma história em suas peças. Um palhaço precisa contar uma história? E o lugar dele é no circo?
  É um enorme engano achar que o palhaço pertence ao circo. No circo, há uma tradição de palhaço, mas ela é muito recente. Somente há 150 anos há palhaços em circos e, para muitas pessoas, palhaço e circo são a mesma coisa. Mas o palhaço é bem anterior ao circo. Já existiam na época dos gregos, dos romanos. O saltimbanco é um tipo de palhaço.
  No teatro, encontram-se palhaços nas peças de Shakespeare, na Commedia dell'arte. O arlequim é uma espécie de palhaço. A história do palhaço se confunde com a história da civilização. Nas grandes festas de inverno, quando os mortos vinham ao mundo dos vivos, já existiam figuras bufonescas. Em toda sociedade, tais figuras foram criadas para funcionar como uma espécie de válvula de escape. E elas aparecem muito antes no teatro do que no circo.

Em 2007, você recebeu o grande prêmio do Festival Internacional Fringe de Nova York, considerado o talvez mais importante festival de artes performáticas do mundo. Pode-se dizer que você é a melhor palhaça do planeta?
  A imprensa escreve isso sobre mim, mas eu não posso dizer isso, naturalmente. Mas eles escrevem pela falta, porque existem tão poucas palhaças. Há algumas, mas em todos os festivais nos encontramos. Então eu penso: Ah, nós cinco novamente. Eu conclamo todas as mulheres: escrevam suas peças! Eu quero concorrência.

Como é a nova peça que você leva agora ao Brasil?
  Para o Brasil, eu levo agora a Souffleuse (O ponto). Em comparação com a Joana, com a qual me apresentei quatro vezes no Brasil, O ponto é mais teatral. Antigamente, embora isso exista ainda hoje, havia no meio dos palcos do teatro uma cúpula e lá embaixo uma pessoa sussurrava o texto para atores que o esqueciam. Essa função era exercida, na maioria das vezes, por uma atriz mais velha e sem trabalho, que acabava assumindo o ponto do teatro.
  Ela conhece os atores pela voz e pelo cheiro do pé, porque ela sempre vê o mundo por baixo. Ela construiu uma boa vida embaixo do palco. Fez lá uma casinha, com livros, quadros, flores. O caminho para o trabalho não é longe e ela tem que se vestir bem só até a cintura, porque o resto não se vê.
  Mas o teatro vai fechar, porque um novo prédio foi construído e ela é então esquecida. Somente durante o decorrer do espetáculo, ela nota que está sozinha. É naturalmente uma situação triste. Isso é o que acontece hoje a muitas pessoas cujas profissões não são mais requisitadas ou foram demitidas. No caso da Souffleuse, é ainda pior. Ela é simplesmente esquecida e não pertence mais a lugar nenhum.
  No entanto, o espetáculo é engraçado. Eu atraio as pessoas através de seus verdadeiros medos e aflições. A situação da Souffleuse é muito pior do que a dos espectadores, mas eles riem dela a noite inteira. Isso é o que me fascina no palhaço – que ele possa fazer algo tão triste se tornar cômico.
  Acho que quando algo é somente engraçado, 15 minutos depois ele se torna monótono. Acredito que o que faz o público amar o palhaço é o fato de ele ser trágico. Sua história é ainda mais trágica que a história das pessoas na plateia. Ao rir do trágico, o público também se liberta dos seus medos.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ah, as palhaças!

O Dia Internacional da Mulher já passou, foi (de novo) no dia 08 de março, mas eu parei pra pensar aqui e percebi uma coisa: seria esse também o dia certo pra se comemorar o Dia Internacional da Palhaça? Sem querer polemizar com essa questão de gênero, há quem diga que o clown é assexuado, e pode ser que tenha quem fale que palhaço é palhaço, seja homem ou mulher (igual esse lance de presidente, saca?). Segundo as normas na nossa amada língua portuguesa o termo "palhaça" existe sim, é o feminino de palhaço (ah vá!) e pode ser usado sem ferir a norma (o)culta.

Pesquisando pela internet a fora, encontra-se o espetáculo de rua "É das palhaças que elas gostam mais", do Grupo Nariz de Cogumelo, que tem no seu elenco 4 palhaças e que inclusive tem uma oficina dedicada a comicidade feminina específica das palhaças. Você pode conferir o trabalho sensacional desse grupo de Salvador no blog delas e aproveitar para ver belíssimas fotos de palhaças em ação. Outra palhaça com A maiúsculo é a famosa e incrível Gardi Hutter, que é considerada a palhaça número 1 do mundo (nem me pergunte a fonte disso) e diz que ser palhaça tem uma desvantagem: não ter exemplos nenhum a seguir (o grandes palhaços do passado, como Charlie Chaplin e Buster Keaton, sempre foram com "O") mas tem a vantagem de ser raro e novo, chamando a atenção do público. Com certeza vou deixar de lado vários nomes importantes devido a minha ignorância sobre o tema, mas, se você souber de mais palhaças referências contribua com essa postagem comentando abaixo.

Temos que reverenciar e aplaudir muito todas as palhaças do mundo, que cada vez mais fazem do palhaço uma arte aberta a tudo e a todas. Minha admiração por estes seres únicos (as palhaças, é claro) é infinita, o bem que  fazem para nossos órgãos dos sentidos é incalculável. Se um dia quiserem me elogiar como artista, me chamem de palhaça! Aproveitando o momento faço dessa postagem uma homenagem especial a todas as palhaças gandaieiras, que fazem do Gandaiá um grupo mais belo, mais leve, mais forte, mais organizado e mais intenso. Seguem as belezuras:

Carlota (Bruna Biasi)

Mariah Stropetta (Camila)

Shambalaju (Julia Chagas)

Olivia Palmito (Andréia Domingos)

 Fanhusa (Ana Lopes)

Thakabum (Mayra Cavalli)

Sofi (Giovanna Melanie)

Mary Poppins (Rafaele Paiva)

Thatá (Kamilla Silva)

 Tia elefanta (Mônica Ambiel)

(singela homenagem feita por Nito Patela, ou Marcus Mazieri)

domingo, 11 de março de 2012

Gandaiá no Dispa-se Sarau


No enfadonho e gorducho dia 10 de março de 2012, também conhecido como último sábado ou como um dia qualquer do ano do fim do mundo, o Gandaiá participou do Dispa-se Sarau, uma realização do Despidas Coletivo (o galera que gosta de se despir hein!). A ideia do pessoal é super responsa, se liga:
"Em meio a uma sociedade formada por pessoas que, por manipulação/alienação/comodismo ou falta de acesso, compartilham dos mesmos gostos e opiniões padronizadas, criamos nosso coletivo na esperança de não somente promover a cultura, mas também repensar valores e, se possível, gerar certo inconformismo. Nosso intuito não é outro senão esse. 
Soou ingênuo? Bem, se tentativas de quebrar preconceitos são utópicas ou ingênuas, sejamos ingênuos!"
E o Gandaiá teve o lisonjio (acha que essa palavra não existe) de ser convidado para participar desse "despimento" metafórico (infelizmente) para apoiar a cultura da RMC e ajudar na disseminação da subcultura caipiro-descendente do palhaço (ou para os mais finos: clowns). Foram pra lá alguns enviados especiais altamente especializados em merda nenhuma (me desculpem pelos palavrões crianças): Écolla, Mariah, Tutátis, Nito Patela e a cantora Carlota, que fizeram, dentre outras façanhas inacreditáveis, algumas esquetes, leram poemas (na verdade um só) e cantaram  musicas de composição duvidosa própria.

Foi uma noite maravilhosa, não só para os pobres coitados que tiveram a honra (e desgraça) de nos ver de pertinho como para nós, humildes palhaços do reino Nogueira, que pudemos conhecer pessoas lindas, cults, inteligentes, loucas, simpáticas, humildes, muito loucas, legais, um pouco bêbadas, fofas, intrigantes, sensuais, artistas, enfim, gente como a gente. Declaramos desde já e para todo o sempre que estar junto com Despidas é um enorme prazer!



Observações extras:
- tem mais fotos no nosso Picasa, acessa lá
- as fotos estão em sépia porque Sarau é uma coisa cult (e a qualidade da câmera é ruim)
- o Despidas Coletivo tem facebook
- o imbecil que escreveu tudo isso fui eu, Nito Patela ou Marcus Mazieri, sei lá (eu também tenho facebook)
- o Gandaiá não apoia nenhum tipo de preconceito e não opinamos a respeito da maconha