domingo, 13 de janeiro de 2013

O fim inevitável versus o amor infindável

Existe uma tristeza inexorável no ar de um lar de velhos. Aliás, são poucos os velhinhos que eu conheço particularmente que são felizes, fora e dentro de um lar de velhos. A velhice traz consigo uma solidão inerente, incoerente, e, paradoxalmente, absolutamente plausível. Afinal são anos e anos de luta para, no fim, enfrentar o fim. Apenas o fim. Sozinho.
E como curar essa tristeza, essa dor fatídica, o que podemos fazer pra ajudar sendo nós jovens antenados, adultos ainda energéticos e com todo vigor físico e mental?
Dá aí pra bolar um discurso mirabolante sobre humanização dos espaços que atendem idosos, melhoria dos investimentos públicos no setor, delegar a culpa para o governo, arremessar palhaços para dentro de asilos, longas e longas milongas.
Mas se existe algo singelo que aprendi com meu avô e minha avó que faleceram neste último ano, é que só o amor pode ajudar alguém a enfrentar o fim. Afinal, o fim não se enfrenta, se aceita. E é muito mais fácil aceitar o fim quando se tem certeza de que não se está só.
 Proximidade humana entre seres humanos, encurtamento da distância cibernética, amor. O piegas e mimimizado amor.
É difícil visitar um idoso. Superficialmente, toma tempo, e tempo é dinheiro, tempo é tempo, e ninguém mais perde tempo hoje em dia. Tudo é rápido. E mesmo que abertamente não se diga isso devido a uma falsa e mórbida responsabilidade moral, não se visitam os velhinhos porque é uma grande perda de tempo. Eu tenho uma tia estupendorosamente bondosa e sábia, que fica sentada na janela do quarto dela esperando as pessoas pararem e falarem com ela. E pergunte-me se alguém pára? E pergunte-me se eu paro? Ninguém para.
Numa análise mais profunda dói visitar um idoso. Adentrar nos olhos de um idoso e ver sonhos que possivelmente não mais se concretizarão, dores escondidas, escolhas erradas. Isso nos faz pensar sobre nossas próprias escolhas. E nossas escolhas tem nos isolado, o que nos deixa com uma dúvida pairando: estarei eu só quando chegar a hora do meu ato final?
O que me faz chegar a conclusão desta pequena dissertação, que não é mais um puxão de orelha ridículo sensacionalista, e sim uma constatação simples e universal. Sem amor os idosos serão tão tristes e melancólicos quanto nós sentados em nossas poltronas confortáveis. Gigantescos livros esperando para ser abertos, todas as verdades do universo, e não temos tempo para ler estes livros, e temos medo de ler estes livros. Visite um idoso ainda hoje, e ganhe absolutamente de graça a retribuição de um sorriso sincero.



Postado por Jack Banana, que estava de férias trabalhando na empresa de Produtos Invisíveis S/A.